Participaram do painel centrais sindicais e entidades da Argentina e do Uruguai
No painel “Travessias que cruzam fronteiras: solidariedade internacional na luta por justiça social”, que ocorreu nesta segunda-feira (28), terceiro dia debates, estiveram presentes os parceiros das entidades internacionais Pablo Ernesto Elizalde Trindad, da Asociación de Funcionarios Judiciales del Uruguay (AFJU), Salazar Cláudio Alejandro, da Federación Judicial Argentina (FJA), e João Cayres, da Internacional de Serviços Públicos (ISP).
Os dirigentes das entidades sul-americanas enfatizaram a importância de participação em fóruns como o Congrejufe a fim de que as trabalhadoras e trabalhadores do Judiciário do Uruguai, da Argentina e do Brasil possam ter uma troca contínua sobre a problemática que cada um dos países enfrenta. Lembraram, no entanto, que, apesar das particularidades, muitos dos desafios enfrentados são comuns. Nesse sentido, o representante do Uruguai, Alejandro, propôs a realização de um encontro entre os três países, no final do ano, com o objetivo de construir uma pauta unificada de lutas.

A coordenadora Denise Carneiro e o coordenador Fabrício Loguercio conduziram a mesa inicial.
Panorama das centrais sindicais brasileiras sobre organização sindical, mundo do trabalho e unidade dos(as) trabalhadores(as)
Ana Paula Cusinato, que falou em nome da Centra Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), iniciou sua fala parabenizando a Diretoria da Fenajufe pela realização de uma mesa de organização sindical com a perspectiva classista. “É muito importante a compreensão de que todos nós fazemos parte da classe trabalhadora”, ressaltou.
Na avaliação que fez dos desafios que precisam ser enfrentados, Cusinato destacou a necessidade de reinvenção da organização e fez um chamado para que a Fenajufe, na próxima gestão, se coloque como ponta de lança na construção de base da organização das trabalhadoras e trabalhadores do Judiciário, MPU, para os Ministérios Públicos nos estados e para a Federação Nacional do Judiciário nos Estados (Fenajud).
Por sua vez, João Paulo (JP), da Secretaria de Serviços Públicos e do Trabalhador Público da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), defendeu que o mais importante quando se trata de organização sindical no serviço público é a luta para o reconhecimento da servidora e do servidor como trabalhador. Para isso, acrescentou, é necessário que tenham reconhecido o direito à negociação coletiva, por meio da regulamentação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, entre outros pontos, estabelece a obrigatoriedade do gestor em negociar, a liberação sindical e o direito à greve.
Já Fabiano dos Santos, que também é coordenador-geral da Fenajufe, representou a CSP-Conlutas. Ele abordou o retrocesso que tem ocorrido nas relações de trabalho, como a precarização e o avanço da plataformização e os desafios da organização sindical para fazer frente a esse contexto.
Paulo Barela foi o segundo representante a falar pela CSP-Conlutas. O dirigente afirmou que o sindicato é uma organização independente dos trabalhadores e trabalhadores que luta pelos direitos mais imediatos e corporativos dentro do sistema capitalista para se defender do próprio sistema. Ainda segundo ele, “o sindicato é um organismo do próprio sistema capitalista.”
Na sequência, Rodrigo Rodrigues, membro do Coletivo de Formação CTB de Minas Gerais, iniciou sua fala enfatizando que desde os modos de produção mais primitivos do ser humano, passando por toda a evolução da humanidade aos dias atuais, “o que podemos constatar é que em cada etapa, cada período de mudança ou de transformação de tecnologias para o modo de produção e de como o ser humano lida com o trabalho atualmente, foi marcado por lutas. “Nada veio de graça”.

Mundo do trabalho
O painel de organização sindical contou com a participação da professora e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho do Instituto de Economia da Unicamp, Marilane Teixeira. Em explanação inicial, a professora afirmou que os sindicatos têm um papel fundamental. Precisam, sim, ser renovados, repensados, mas continuam tendo um papel estratégico. De acordo com a pesquisadora, “o sindicato é a única arma potencial de colocar freios a uma situação desordenada do capital no sentido de apropriação da riqueza.”
Sobre o mundo do trabalho, Marilane destaca que “há mudanças significativas no ambiente laboral que não estão sendo observadas devidamente, principalmente entre os jovens. “E as organizações sindicais não estão captando essas mudanças”, indica. Outro ponto ressaltado na palestra foi referente à precarização, segundo ela, responsável pelo aumento considerável de pedidos de demissões. Somente em 2024, mais de 8 milhões de pessoas se desligaram do trabalho tendo como principais causas pressão de superiores, jornadas extensas, assédio, sobrecarga, baixos salários e pouca valorização. A questão aumenta a informalidade, o que também representa um risco.
A mesa diretora foi composta pela coordenadora Denise Carneiro e pelos coordenadores Manoel Gérson e Paulo José da Silva.
12º Congrejufe
Participam do Congresso as coordenadoras Lucena Pacheco, Sandra Dias, Soraia Marca, Luciana Carneiro, Fernanda Lauria, Márcia Pissurno, Juscileide Rondon, Denise Carneiro, Paula Meniconi e os coordenadores Fabiano dos Santos, Paulo José da Silva, Leopoldo de Lima, Fábio Saboia, Paulo Koinski, Jailson Lage, Wallace Coelho, Manoel Gérson, Thiago Duarte, Fabrício Loguercio, Edson Borowski, Ribamar França, Luiz Cláudio Correa, Ivan Bagini, Leonardo de Andrade, além do coordenador licenciado Roberto Policarpo. Presença também do ex-diretor Charles Bruxel.
O maior evento da Federação conta, ainda, com a participação de representantes dos seguintes sindicatos: Sinsjutra/RO-AC, Sindjuf/PA-AP, Sindjus/AL, Sinjeam/AM, SitraAM-RR, Sindjufe/BA, Sindissétima/CE, Sinje/CE, Sintrajufe/MA, Sindjufe/MS, Sindijufe/MT, Sintrajuf/PE, Sintrajufe/PI, Sintrajurn/RN, Sisejufe/RJ, Sinpojufes/ES, Sinjufego/GO, Sintrajud/SP Sitraemg/MG, Sindiquinze/SP, Sinjutra/PR, Sinjuspar/PR, Sintrajusc/SC e Sintrajufe/RS; além de representantes das Comissões Pró-Fenajufe do Distrito Federal e da Paraíba.