Uma pesquisa do Banco Mundial aponta que as mulheres no Brasil acumulam mais capital humano do que os homens aos 18 anos. Ou seja, elas chegam mais preparadas à fase adulta, com melhores índices de educação e saúde – o chamado Índice de Capital Humano (ICH).
Segundo o levantamento, as mulheres estão pelo menos uma década à frente dos homens em praticamente todos os municípios do país. No entanto, elas são menos inseridas e menos aproveitadas no mercado de trabalho.
No ICH, que varia de 0 a 1 ponto (quanto mais próximo a 1, melhor o índice), as mulheres registram 0,60 contra 0,53 dos homens.
Porém, no Índice de Capital Humano Utilizado (ICHU), que pondera o ICH pelas taxas de emprego nos mercados de trabalho formal e informal, a pontuação dos homens é melhor do que a das mulheres (0,40 vs. 0,32).
Segundo o relatório, os dados refletem as desigualdades de trabalho por gênero no país.
Além disso, as disparidades também se acentuam em relação à raça. Enquanto a produtividade esperada de uma criança afrodescendente é de 56% de todo o seu potencial, o de uma criança branca é de 63%, de acordo com o Relatório de Capital Humano Brasileiro, do Banco Mundial.
Já o crescimento médio do ICH dos brancos entre 2007 e 2019 foi de 14,6%, e o das crianças negras foi de 10,2%. Quando se junta o recorte por gênero e raça, as mulheres negras são ainda mais impactadas, como indica a pesquisa.
“O mercado de trabalho reverte a vantagem das mulheres sobre os homens na formação e utilização de capital humano no Brasil. Neste contexto, as mulheres afrodescendentes são penalizadas duas vezes: uma devido ao gênero e outra devido a raça”, diz o documento.
“As mulheres afrodescendentes pontuam 15,7 pontos percentuais abaixo dos homens brancos no ICHU. O mercado de trabalho gera um grande impacto negativo na utilização do capital humano, especialmente para as mulheres afrodescendentes”, complementa.
O ICH leva em consideração a taxa de sobrevivência infantil até os cinco anos e a ausência de déficit de crescimento, os anos de escolaridade ajustados pela aprendizagem e, por fim, a taxa de sobrevivência na idade adulta.
Ele estima a produtividade esperada em um cenário em que as condições de saúde e educação permanecem inalteradas, tal qual estão atualmente.
Quanto maior o ICH, maior é a produtividade estimada de trabalho. O indicador leva em consideração a projeção dos resultados das pessoas nascidas em 2019.
No Brasil, apenas 60% das crianças que nasceram em 2019 vão atingir todo o seu potencial quando estiverem com 18 anos de idade, segundo a pesquisa.
Isso significa que 40% do talento das crianças que nasceram em 2019 permanecerá invisível e não será incorporado ao mercado de trabalho.
Como aponta o relatório, o Brasil precisaria de 60 anos para atingir o nível atual de capital humano dos países desenvolvidos.
Segundo o Banco Mundial, “um município onde uma criança típica não corre o risco de sofrer de déficit de crescimento ou morrer antes dos cinco anos de idade, recebe educação de alta qualidade e se torna um adulto saudável, terá um ICH próximo de 1″.
“Por outro lado, quando o risco de má nutrição ou morte prematura é alto, o acesso à educação é limitado e a qualidade da aprendizagem é baixa, o ICH se aproxima de zero”, conclui o Banco.
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Fonte: CNN Brasil