terça-feira, 16 julho, 2024
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25 anos: Sindjuf-PA/AP permanecendo na luta, rumo a novos tempos

Falar de Sindjuf-PA/AP é refazer uma história que começou há 25 anos. Os tempos eram outros, quando quase não se tinham direitos no serviço público.

No início, os servidores reclamavam um tratamento igualitário, pois o direito à água mineral e café só era para magistrados e diretores dos tribunais.

Era também nessa fase que muitos servidores ganhavam menos de um salário mínimo, precisando receber todo mês uma complementação em seus salários para chegar ao valor da remuneração.

Diferente de outras categorias profissionais, servidores públicos não podiam se organizar em sindicatos.

Transformações políticas no Brasil

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, várias entidades sindicais de representação dos servidores públicos surgem no país. Sendo possível lutar pelo direito de sindicalização e livre organização sindical, melhores condições de trabalho, o direito de greve e isonomia salarial.

A Unificação

Após grandes transformações políticas no Brasil, os servidores do Poder Judiciário nos Estados do Pará e Amapá, passaram a se organizar por meio associações, como a ASTRA/8ª (Associação dos Servidores da Justiça do Trabalho da 8ª Região), ASSEJE/PA (Associação dos Servidores da Justiça Eleitoral do Estado do Pará), ASTRE/AP (Associação dos Servidores do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá) e ASSEJUS (Associação dos Servidores da Justiça Federal).

Em decorrência de entraves jurídico-administrativos, os servidores fundaram o Sindicato dos Servidores da Justiça do Trabalho da 8ª Região (SINTRA-8ª) e Sindicato dos Servidores da Justiça Eleitoral do Estado do Pará (SINDSJUSE/PA).

Foi a partir da unificação desses dois sindicatos, durante o I Congresso Regional dos Trabalhados do Poder Judiciário dos Estados do Pará e Amapá, que o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal nos Estados do Pará e Amapá (Sindjuf-PA/AP) foi fundado.

O funcionário mais antigo e a aquisição da sede própria

Em janeiro de 1998, quando os membros do SINTRA-8ª e SINDSJUSE/PA já cogitavam a unificação, foi contratado para o serviço de office boy, de ambas as entidades sindicais, o funcionário Delson Mendes de Moraes, que atualmente tem 25 anos de prestação de serviço à categoria.

O funcionário conta que na época o SINDSJUSE/PA funcionava em uma sala comercial própria no Edifício Francisco Chamie – Rua Quinze de novembro e o SINTRA-8ª em uma sala comercial em frente à Praça Brasil, em Belém-PA.

“Quando eu fui contratado já haviam várias reuniões para alinhar a unificação. Foi nessa época que eles marcaram a data do primeiro congresso dos trabalhadores que fundou o Sindjuf-PA/AP. Depois da unificação, o Sindicato se instalou em uma sala alugada no edifício Infante de Sagres, na Manoel Barata, em Belém. Logo depois, a categoria resolveu vender a sala do extinto SINDSJUSE/PA, partindo para a procura de um prédio próprio e a diretoria na época encontrou esse prédio onde funciona a sede atualmente, aqui na Bernal do Couto. O local pertencia a uma empresa de engenharia civil e onde funciona o auditório do Sindicato, era um depósito de materiais de construção da empresa de engenharia. Tinha muita poeira, madeira velha e entulhos. Quando o sindicato comprou precisou fazer várias benfeitorias, entre eles, um projeto arquitetônico para mexer na estrutura do prédio e remover dois pilares que ficavam no centro de onde hoje é o auditório. Antes da reforma, os servidores faziam reuniões e assembleias no estacionamento do Sindicato.”, conta Delson Mendes.

O funcionário que começou sua carreira no Sindjuf-PA/AP como office boy, já foi auxiliar administrativo, assistente administrativo, assumiu a gerência na parte administrativa e após uma formação acadêmica, passou a produzir as artes e jornais do Sindicato, assumindo atualmente o cargo de web-design e diagramador da Entidade.

Aquisição do prédio próprio da subsede

Em 2015, após anos pagando aluguel, o Sindjuf-PA/AP finalmente conseguiu comprar um imóvel próprio para alocar a sua subsede em Macapá. Na época, a intermediação da compra aconteceu através dos coordenadores Givanildo Quaresma (TRE-AP), Herculano Wanderlin (TRT8 / Aposentado / in memoriam) e Jaguarecê Collares (JF-AP).

A funcionária da subsede, Socorro Brito, que ingressou em 2 de maio de 2003 na instituição, relembra a história. “No início a gente funcionava na São José, no Centro. Nessa época eu lembro do seu Herculano, Ubiratan, Ronaldo, Raimundo, Barros, dona Benedita. Como não tínhamos um local próprio, mudamos 3 vezes, a terceira foi para o prédio próprio, aqui em Santa Inês. A nossa mudança foi em fevereiro de 2015.”, recorda a funcionária.

Direitos históricos já conquistados

Foi através da luta coletiva das sindicalizadas e sindicalizados que se tornou possível a criação de novas vagas no âmbito do Poder Judiciário Federal, os adicionais de qualificação, que valorizam a formação dos servidores, os Planos recomposição salarial, e as sucessivas vitórias em outras demandas administrativas.

É através dessa luta também que projetos nocivos, como a reforma administrativa, foram barrados.

O Sindicato também tem sido incansável na luta contra o desvio de função, sobrecarga de trabalho, por uma melhor regulamentação do teletrabalho e no enfrentamento e combate ao assédio moral e sexual.

A Coordenação

Coordenador Waldson Silva (Aposentado / TRE-PA)

O atual coordenador de comunicação do Sindicato, Waldson Silva, foi fundador da Entidade e participou da primeira gestão da diretoria em 1998, ano da unificação do Sindicato.

“Nesses 25 anos de Sindicato unificado, porque já viemos de outras associações e outros sindicatos, é gratificante essa vivência toda, uma vez que só tivemos vitórias, quando a primeira vitória foi agrupar os companheiros da Justiça do Trabalho, Justiça Federal, Justiça Militar, Justiça Eleitoral, unindo dois estados em uma só entidade. A gente tem um grande elenco de vitória, não só na parte salarial, mas também na parte social. A gente quase não tinha direitos há 35 anos atrás, durante essa jornada muitos direitos foram conquistados, mas também tirados. Atualmente, o Sindicato, como muitos outros, lutam pela manutenção desses direitos e pela recuperação dos direitos que nos foram tirados, por exemplo, a contribuição previdenciária do aposentado, que é uma luta que temos para cessar essa contribuição, após anos e anos de trabalho., conta o coordenador.

Desafios

Coordenadora Maria Elizabeth dos Santos.

Hoje, após 25 anos de uma longa trajetória, o Sindjuf-PA/AP conta com 588 filiados nas duas bases, Pará e Amapá e o desafio é ampliar esse número para que a luta sindical seja ainda mais fortalecida.

A coordenadora, Maria Elizabeth Soares Dos Santos, mais conhecida como Beth Bronze – TRT/8ª (Aposentada) fala das dificuldades de se relacionar com o novo perfil de servidores, bem diferente dos de 25 anos atrás. Ela fala dos servidores que estão em teletrabalho e da dificuldade de mobilizar as pessoas que estão distantes dos locais físicos de trabalho, visto que há 25 anos atrás o relacionamento com os servidores era feito de forma presencial, com encontros nos locais de trabalhos e entrega de boletins nas mesas, mas a tecnologia vem exigindo mudanças.

“Tem servidor que quando assume, já fica trabalhando remotamente. Esse mesmo servidor, às vezes, é de outro estado. Então essa questão da modernidade, da tecnologia, está nos atrapalhando, nos distanciando.”, diz ela

A Tecnologia a serviço do Sindicato

Sindicalizado Breno Bebeto (TRE-PA)

O Sindicalizado, Breno Bebeto Brandão Benício (TRE-PA / Marabá), é uma das faces desses novos servidores. Ele se sindicalizou em setembro de 2021, tem se engajado na luta, participando de mobilizações em Brasília e tem colaborado para o aumento das filiações ao Sindicato. Ele propõe que o SINDJUF-PA/AP aborde uma nova forma de relacionamento com os servidores sindicalizados e com os novos servidores, através da abordagem nas redes sociais e da conscientização de classe.

“Pelas minhas contas conseguimos 18 novas sindicalizações por meio de conversas de WhatsApp e ligações. No TRE, por exemplo, conheço servidores que optam pelo teletrabalho para fugir do assédio. O servidor opta por estar dentro da sua casa por ser um ambiente de segurança. E para o Sindicato chegar até esses servidores em teletrabalho, eu acredito ser preciso se engajar nas redes sociais: Instagram, Twitter, TikTok, mostrando que mesmo distantes, as redes sociais podem nos aproximar. Por exemplo, eu posso fazer uma chamada de vídeo para demonstrar a importância da sindicalização e o Sindicato é local de acolhimento para o servidor. Mesmo, longe e nunca termos nos vistos, podemos através dessas ferramentas, fazer o bom uso delas, para construir um grupo de apoio com os servidores dos interiores, por exemplo. Dessa forma, o Sindicato entende haver uma onda, impossível de ser barrada, o Teletrabalho e a digitalização, mas com uma aproximação virtual séria e sincera, é possível gerar laços com os novos servidores.”, acredita Breno.

Quem somos?

O Sindjuf-PA/AP tem muitas faces e contribuições, os mais tradicionais que estão desde o início da fundação e os mais novos que chegam ao serviço público em uma nova configuração do trabalho. Vamos conhecê-los?

Silvia Mary (JF-PA/Aposentada)  – Eu vinha desde a época da associação, mas ela não tinha tanta força como o Sindicato, após a unificação, era muito frágil. Eu fui membro do Conselho Fiscal, não recordo se uma ou duas vezes. Por conta do horário rígido na Justiça Federal, nunca consegui estar muito atuante, mas até hoje faço questões de continuar sindicalizada e contribuindo. O Sindicato é uma instituição necessária, é ele que cuida dos nossos interesses, que briga por nós.  Eu quero felicitar o sindicato por todo o empenho em prol dos direitos dos associados. Parabéns.

Marly Chaves (JF-PA)  – Entrei na Justiça Federal em 2002 e desde então sou filiada ao SINDJUF PA/AP, pois acredito que todas as lutas da classe trabalhadora foram conseguidas a partir do momento que há organização sindical. Nesses 20 anos já participei de várias lutas e eventos, várias amizades foram feitas e mantidas e já fiz parte de várias diretorias. Quero externar minha admiração por essa categoria e, principalmente, por quem está na frente, pois não é fácil garantir e manter direitos, com alguns muitas vezes prejudicados apenas por estarem na linha de frente. Que tenhamos força, fé e perseverança por dias melhores para todos(as) nós. Avante sempre!!

Edmilson Nazaré  (TRT8 / Aposentado) – Eu me sindicalizei quando não era nem Sindjuf, foi em 1992 quando eu vim do Rio de Janeiro, eu fiz uma permuta para cá em 15 de março de 1992. Na época, não tinha de bem dizer nada, recordo que o funcionamento era em uma casa antiga, a única coisa que tinha, às vezes, era umas reuniões as sextas feiras que tinha uma musica ao vivo e um barzinho e lá a gente fazia nossas reuniões. O sindicato pra mim representa uma grande instituição, que nos atende de várias formas, com assistência jurídica, convênios e também nas lutas. A minha experiência em Brasília e para o sindicato tem sido um dos grandes enfrentamentos que nós sempre estamos presentes, enfrentando, se mobilizando para nós conseguirmos inclusive os nossos reajustes, o nosso NS, o Sindicato funciona de uma forma bem transparente para todos nós, os nossos direitos são muito bem preservados. A parte jurídica também funcionou de uma forma excelente.

Dária Chaves Balieiro (JF-PA) – Eu considero que o Sindicato nos momentos mais delicados em termo profissional, quando eu mais precisei do apoio, sempre esteve ao meu lado. Acredito que devo ter uns 20 anos de Sindicato. A nossa assessoria jurídica sempre foi muito importante pra mim, quando eu mais precisei, seja por questão de PAD, seja por qualquer tipo de apoio. Desde que eu me sindicalizei já tinha as pessoas mais antigas, Conceição, Dra. Adélia, Ribamar, sempre lembro, da Mary, funcionária, Dra. Lara, que sempre foi extremamente prestativa no que precisei, Monica, Lauriano, Nilce, Alice que demonstra ter muita competência.

Cosme Pinheiro (TRT8) – O Sindicato representa muita coisa para mim. Sempre sou bem acolhido, e estou esperando a resolução do meu processo. Lembro da minha última greve, acredito que em 2002, e através da luta do Sindicato vi muitas mudanças, aumento de salarial e, melhores condições de trabalho. Também lembro de colegas que estão desde o início como Mota, Severino e Canarinho.

Enilda Melo Vieira (TRT8/Aposentada) – Eu era da época de quando o Marquinho (Marco Antonio Cardoso) era Coordenador Geral. Eu estava em um grupo de whatsapp um dia desses, e alguém postou uma foto que tinha nossos colegas, Ribamar, Dra. Adélia, eu fiquei pensando que o Sindicato faz parte da minha vida. O Sindicato zela pelo nosso bem financeiro, gere tudo pra gente. Quando nosso dinheiro tá ficando baixo, ele vai lá e luta. Foram 4 PCS’s. O sindicato é dinheiro no bolso, é o nosso bem maior. A nossa qualidade de vida é boa porque o Sindicato luta por nós, tem cabeças pensantes que se dedicam, como a Alice, Waldson e outros. Eu peço para essas novas pessoas que estão ingressando no judiciário que que se engajem na luta. Eu já estou aposentada, precisamos de sangue novo. O Sindicato é um aprendizado, é a melhor faculdade. As pessoas que fazem o Sindicato são pessoas maravilhosas, que eu sou muito agradecida, que dão vida por isso aí. Resumindo, o Sindicato é a nossa casa, é tudo nosso.

Maria Regina Pinheiro (JF-PA) – Foi em 1999 que eu me filiei. Eu nunca participei diretamente das reuniões, agora eu participei das greves, até antes de ser sindicalizada, inclusive quando eu participava, ainda em estágio probatório, os meus colegas diziam “olha, é melhor tu te filiar”, e aqui estou eu até hoje filiada. Eu me sinto amparada. No início eu lembro do Lauriano, um colega que já era militante. Eu também lembro da gestão da Alice, quando o Sindicato vinha nos nossos locais de trabalho pra ver as condições. Atualmente, está sindicalizada me lembra que eu não estou sozinha, se eu precisar eu tenho certeza que estarei amparada.

Marcos Araújo (TRT8 / Ananindeua) – Eu entrei no Sindicato por força da unificação. Já tive a oportunidade de participar de reuniões e seminários para formação de base e politização A unificação foi importantíssima para que o sindicato criasse força para construir o que somos hoje e a união foi simplesmente, excelente, pois unidos nós somos mais fortes. A unificação permitiu que a gente dialogasse com todos os poderes da justiça, foi muito positiva e contribuiu para que a gente construa uma luta forte como é hoje.

Carla Coutinho (TRE-PA) – “Assim que fui empossada como servidora do Tribunal Regional Eleitoral do Pará fiz questão de me filiar ao Sindicato da categoria e, desde então, permaneço sindicalizada por todos esses anos. Então o Sindicato faz parte da minha vida profissional assim como eu, enquanto servidora, faço parte da vida dele.

Pra mim o Sindicato representa um esforço de união da categoria, um apoio e uma certeza de que, apesar de tudo, há uma espécie de controle externo que, de fora do órgão público, procura lutar por nossos interesses coletivos.

Sem um sindicato com certeza estaríamos mais frágeis pra proteger nossos direitos e interesses.

Fato é que o Sindicato é feito por pessoas e que necessita da conscientização dos servidores como um todo, que precisam se ver enquanto classe trabalhadora, enquanto categoria. Só assim ele estará fortalecido para lutar por nossas demandas.

Meus votos para que o SINDJUF se fortaleça cada vez mais e que a categoria seja mais unida em torno das nossas causas.

Agradeço também pelas parcerias do SINDJUF com o Centro Cultural da Justiça Eleitoral. Agradeço a todos que doam seu tempo ao trabalho no SINDJUF.

Parabéns por esses 25 anos. Parabéns, enfim, pra todos nós que fazemos parte dessa história coletiva!” – Carla Coutinho Ferreira – Analista Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral do Pará, em 1º de fevereiro de 2023.

Maria Celina Silva –  Nós, sindicalizados, em especial os que não estão na luta, por motivos diversos, temos que agradecer aos colegas guerreiros que sempre estão à frente nas lutas reivindicando nossos direitos.
O sindicato, de certa forma, me passa segurança. Dentre várias conquistas nesses 25 anos lembro de uma, em particular, que mudou, em parte, a minha vida: A mudança de Auxiliar Operacional para Técnico Judiciário.
Obrigada meus queridos.

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