quinta-feira, 17 julho, 2025
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Em defesa do Judiciário brasileiro e da soberania nacional frente aos ataques de Trump

A Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe) vem a público reafirmar seu compromisso com o Estado democrático de direito e a soberania nacional diante dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Judiciário brasileiro e das chantagens econômicas impostas para tentar interferir nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas à tentativa de golpe de Estado, aos atentados do 8 de janeiro de 2023, e às recentes decisões que regulamentam a atuação das plataformas digitais no país.

No último 9 de julho, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras a partir de agosto. A medida faz parte de uma ofensiva política articulada nos EUA em reação às decisões do STF. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governante norte-americano diz que decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — acusado de ser o líder dos ataques, logo após perder as eleições presidenciais de 2022.

Alguns meses atrás, sob o falso argumento de “censura”, a Câmara dos EUA aprovou um projeto que criminaliza decisões do STF e ameaça bloquear bens de autoridades brasileiras – um gesto claro de ingerência nos assuntos internos do Brasil, após decisões do Supremo sobre o funcionamento de plataformas estrangeiras no país, como a rede social “X” (antigo Twitter), a Rumble e a Trump Media – , sendo a última de propriedade do próprio presidente norte-americano, como o nome indica.

Essas ações seguem um roteiro conhecido: os EUA, mais uma vez, recorrem ao uso de sanções e chantagens econômicas para tentar impor seus interesses à força – uma prática histórica e recorrente, principalmente, contra os países da América Latina. No Brasil, infelizmente, Trump é inspiração e considerado ídolo pela extrema-direita, e parte significativa desse grupo político apoia a medida.

Isso porque, as sanções econômicas e os ataques são, de fato, uma tentativa de interferência que busca enfraquecer o STF justamente no momento em que a Corte julga os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro e apura o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes que foi alvo de ameaças, inclusive com planos de assassinato, é o relator dos processos.

Em resposta aos ataques, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, publicou uma carta, na qual atribui o tarifaço à uma compreensão imprecisa dos fatos e expõe a relevância da defesa do Estado Democrático de Direito para os brasileiros. No documento, o ministro ,ainda, rebate a acusação de “perseguição” contra Bolsonaro, listando uma série de episódios que antecederam o 8 de janeiro, desde 2019. Para o ministro os fatos que ocorreram ensejam apuração e eventual punição dos envolvidos, considerando a lisura dos processos em curso.

Esses fatos reforçam a gravidade da situação e deixam claro que o Judiciário está sob ataque justamente por cumprir sua função constitucional: proteger a democracia e responsabilizar quem atenta contra ela.

Diante disso, a Fenajufe como representante nacional das mais de 130 mil servidoras e servidores do Judiciário Federal rechaça qualquer tipo de interferência na Justiça brasileira — seja de representantes do governo dos EUA, ou de qualquer governo e grupo que atue contra a soberania nacional e a autonomia das instituições brasileiras —, visto que afrontam a integridade institucional, algo inaceitável.

16 de julho de 2025, Brasília-DF

Fonte: Fenajufe

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