terça-feira, 25 novembro, 2025
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NOTA: O Coletivo de Negras e Negros da Fenajufe repudia massacre em ações de Necropolitica

A chacina do Rio de Janeiro choca o país e escancara o racismo

A recente chacina ocorrida no Rio de Janeiro é só mais uma entre tantas outras ações violentas de operações policiais nas favelas do país e reforça o conceito brutal da necropolítica. O termo, criado pelo intelectual africano, Achille Mbembe, descreve o poder do Estado de decidir quem pode viver e quem deve morrer.

Com o discurso de manutenção da ordem, os gestores dos estados adotam o uso da força em suas estruturas internas como política de segurança pública para a população. E mirando estereótipos e determinados grupos sociais, essas ditas políticas de segurança tem como principais alvos, populações negras, pobres e periféricas.

E é nesse contexto, que o Estado com a bandeira de “guerra às drogas” empunhada, (e porque não dizer “empunhalada?”), legitima a violência policial extrema e o extermínio, transformando as favelas em zonas de exceção. Com uma população majoritariamente de pessoas negras, a chacina no Rio de Janeiro é uma expressão direta desse processo.

O que não se pode deixar de dizer aqui, é que as ações de extermínio a céu aberto, ocorridas nos últimos dias, evidenciam os resquícios das estruturas escravocratas advindas do período colonial e que perpetuaram o racismo. Nessa lógica os corpos negros são desumanizados e mortos, em conivência com o Estado.

Enquanto em áreas nobres prevalece a noção de cidadania e proteção, nas periferias e favelas impera uma lógica de eliminação e controle, na qual o Estado atua mais como força de repressão do que de garantia de direitos.

Podemos dizer que o genocídio da população negra no Brasil é um fenômeno que vai além da violência física. Ele é político, social e histórico. Assim, a chacina do Rio de Janeiro não é um fato isolado, mas parte de um projeto político de gestão da morte, em que a violência serve como instrumento de manutenção da ordem social e desigual.

O Coletivo de Negras e Negros da Fenajufe repudia o massacre racista e desumano, na cidade apelidada de maravilhosa, onde hoje, o governo contabiliza mais de cem mortes em rede nacional resgatando um gesto espetacular que mais lembra o pão e circo da idade média.

Para o Coletivo é imprescindível que o Estado reformule suas práticas de segurança pública e implemente políticas antirracistas ao invés de negligenciar a vida, sobretudo de pessoas negras.

Joana Darc Melo / Jornalista da Fenajufe

Fonte: https://www.fenajufe.org.br/noticias-da-fenajufe/o-coletivo-de-negras-e-negros-da-fenajufe-repudia-massacre-em-acoes-de-necropolitica/

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