terça-feira, 16 julho, 2024
spot_img

“As tecnologias devem ser usadas para a melhoria da qualidade de vida e não para a escravização das trabalhadoras e trabalhadores”, diz convidada do Encontro Virtual sobre Saúde do Sindjuf-PA/AP

Mara Weber estará no Encontro sobre Saúde do Sindicato que debaterá a relação da hiperconexão com as questões de saúde. Para a sindicalista e coordenadora do Sintrajufe/RS, o problema não está na tecnologia, mas em como as ferramentas tecnológicas vem sendo exploradas pelo modelo de gestão produtivista.

“O neoliberalismo tem como premissa fazer mais com menos. Não tem como realizar essa premissa neoliberal sem mais exploração e menos direitos. Dessa forma, através da precarização dos direitos do trabalho vem introduzindo no setor público e privado modelos de gestão aliados à intensificação de ferramentas tecnológicas com objetivo de reduzir cada vez mais postos de trabalho, modelar um trabalhador(a) multitarefas e 24 horas conectado com o trabalho.”, explica.

Ela lembra que o uso das ferramentas no ambiente de trabalho vem sendo feito sem a devida escuta dos próprios trabalhadores e isso gera uma série de problemas.

“A pandemia acelerou o processo e também intensificou o uso de app para o trabalho, como por exemplo WhatsApp. Os sintomas oculares, osteomusculares e sofrimento mental aumentaram a partir do aumento de tempo conectado, bem como sentimentos de ansiedade, exaustão e tristeza. Há uma percepção de aumento de trabalho e de horas trabalhadas associadas ao uso de ferramentas tecnológicas e precisamos discutir e disputar o direito da categoria à desconexão.”, disse.

Problemas de saúde

A sindicalista cita os problemas de saúde mais recorrentes e já alertados por profissionais da saúde. São danos psicofísicos da exposição excessiva, que envolve não apenas o uso das telas, mas à hiperconexão, ou seja, ficar ligado às redes por longo período e interagir em mais de uma ferramenta digital é prejudicial.

“Psicólogos e psiquiatras vem chamando atenção de que a hiperconexão pode levar a sentimentos de tristeza, solidão, exaustão podendo provocar depressão e também facilitar esgotamento extremo que no trabalho se materializa na síndrome de Burnout. Em termos físicos estimula o sedentarismo relacionado a várias enfermidades, doenças oculares e dores osteomusculares.”, alerta.

Mara fala que a hiperconexão ao trabalho vem gerando “confusão” sendo preciso falar no direito dos trabalhadores a se desconectarem das tarefas laborais.

Direito à desconexão

“Estamos experienciando cada vez mais uma “confusão” entre tempo de trabalho” e “tempo de não trabalho”. Esse processo muitas vezes se dá pela cooptação do discurso da eficiência, produtividade (mas na verdade é produtivismo) do empreendedorismo e do(a) trabalhador(a) “dono(a) do seu próprio tempo”. É o canto da Sereia, como nos ensina a Professora e Doutora Ana Magnólia Mendes. Também o professor e jurista Jorge Souto Maior (2011), no seu artigo “Do Direito à Desconexão do Trabalhador”, chama atenção para o “Direito à desconexão) para ser assegurado às trabalhadoras e trabalhadores efetivamente “viverem” fora do período laborativo.”, alerta.

Tecnologia e qualidade de vida

Mara lembra que a luta das entidades representativas da Classe Trabalhadora tem sido para que as tecnologias sejam usadas para a melhoria da qualidade de vida e não para a escravização das trabalhadoras e trabalhadores. Ela também lembra que apesar dos avanços, ainda é preciso avançar nos discursos e conquistas acerca da saúde das servidoras e servidores do Judiciário Federal.

“Não conseguimos implementar coletivamente as políticas aprovadas nacionalmente, como por exemplo, o observatório de saúde e o Fórum Nacional de Combate ao assédio Moral e sexual. Temos a Pesquisa Nacional de Saúde realizada pela Fenajufe em parceria com a UNB com muito material e dados importantíssimos que precisam se transformar em políticas a serem disputadas no CNJ. É preciso também investir em formação e pesquisas na área de saúde no trabalho, cada vez mais. Desde a introdução de processos eletrônicos no sistema de justiça (início dos anos 2000), o Sintrajufe/RS vem monitorando a qualidade dos sistemas e a saúde física e mental da categoria. Outros sindicatos e a Fenajufe também vem fazendo estudos. A introdução do PJe agravou os achados nesses estudos. Campanhas de pausa e seminários para debater o problema, dossiês reportando os problemas dos sistemas foram entregues aos órgãos e ao CNJ. Também é preciso discutir a sobrecarga imposta às mulheres.”, lembrou.

O encontro acontecerá virtualmente através da plataforma Zoom no dia 21 de julho (quinta-feira) às 19h. Participe.

► SERVIÇO:

► Data: 21/JULHO/2022 (5ª feira)

► Horário: 19h

► Link convite para participar da reunião pelo aplicativo Zoom:

https://us02web.zoom.us/j/83359953187?pwd=SXdmUmtoVTA1cjk5UXA1SUxTU1dXdz09

ID da reunião: 833 5995 3187

Senha de acesso: 417822

*Foto/Crédito/Reprodução: Arquivo/CNJ

Latest Posts

spot_imgspot_img
spot_imgspot_img

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

CADASTRE SEU EMAIL

PARA RECEBER NOSSAS NOTÍCIAS DIARIAMENTE.

Enviar uma mensagem!
1
Olá 👋
Quer falar com o SINDJUF-PA/AP ?