sábado, 19 abril, 2025
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Auditores-fiscais da Receita Federal iniciam paralisação de 48 horas em busca de reajuste

Servidores exigem mesa de negociação e pagamento de bônus de desempenho não implementado

Os auditores-fiscais da Receita Federal darão início a uma paralisação de 48 horas a partir desta terça-feira (dia 29), em resposta à falta de negociação para a reposição das perdas inflacionárias acumuladas desde 2016. A ação tem como objetivo pressionar o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) a cumprir um acordo assinado em maio deste ano, que previa a instalação de uma mesa específica para discutir o reajuste do vencimento básico da categoria.

Desde a assinatura do acordo, a expectativa era que o MGI iniciasse as negociações até julho, mas até o momento não houve qualquer sinalização do Ministério sobre a abertura da mesa. Para os auditores, essa demora é considerada um desrespeito à categoria e um descumprimento do compromisso assumido pelo governo.

— As outras carreiras que assinaram o acordo já estão com as suas negociações concluídas, apenas os auditores-fiscais ficaram de fora. Entendemos que esse não é um comportamento isonômico dentro do serviço público — afirma Dão Real, diretor de Assuntos Intersindicais e Internacionais do Sindifisco Nacional.

Aduanas

Durante a paralisação, os auditores farão uma análise mais rigorosa das mercadorias nas aduanas, priorizando cargas como animais vivos, medicamentos e alimentos, que serão inspecionadas com maior atenção. Essa estratégia busca demonstrar à população e ao governo a importância do trabalho da Receita Federal, mesmo em um período de mobilização.

— Nosso objetivo é chamar a atenção para a necessidade de valorização da nossa categoria e do compromisso do governo em honrar os acordos firmados — destaca.

A insatisfação da categoria se acumula há anos. A mobilização atual é apenas uma das etapas de um processo que pode incluir ações mais contundentes caso o governo não responda às reivindicações dos auditores.

— Esperamos que o MGI faça valer seu compromisso e inicie as negociações de forma urgente. A paciência da categoria tem limites, e estamos prontos para intensificar nossa luta se necessário — conclui o diretor do Sindifisco.

Impactos

O movimento surge após a última greve, que se estendeu por mais de 80 dias e foi encerrada em fevereiro deste ano, quando os auditores-fiscais aceitaram uma proposta do governo federal, considerada “razoável” pelo Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal.

Na ocasião, a categoria optou por não ter reajuste nos vencimentos básicos em 2024, aceitando apenas correções nos benefícios, como auxílios alimentação, saúde e creche. A reestruturação de carreiras foi deixada para mesas de negociação específicas, mas os servidores afirmam que não tiveram espaço para discutir suas demandas.

Jackson Campos, especialista em comércio exterior, apontou que uma greve da Receita Federal no Brasil impacta diretamente as operações nos portos e aeroportos.

— A greve dos auditores fiscais da Receita Federal causa atrasos na liberação de mercadorias, elevando custos com armazenagem, além de interromper cadeias de suprimentos. Setores como o automotivo, varejo e farmacêutico são diretamente afetados porque seus insumos são todos importados. A paralisação pode gerar imprevisibilidade e incertezas, aumentando a desconfiança do empresário no Estado. Se a greve se mantiver após o esperado pode ser desastroso para a economia do Brasil, gerando desabastecimento e inflação.

Por Gustavo Silva — Rio de Janeiro
 
Foto/Crédito: Pillar Pedreira/Agência Senado (imagem licenciável)
 
Fonte: https://extra.globo.com/economia/servidor-publico/coluna/2024/10/auditores-fiscais-da-receita-federal-iniciam-paralisacao-de-48-horas-em-busca-de-reajuste.ghtml

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