Teve início no dia 1° de agosto o Censo Demográfico. Trata-se de um elemento central para a compreensão da realidade brasileira e para o desenho de políticas públicas.
Esse será o 13º Censo brasileiro, e o 9º organizado pelo IBGE, cada um deles tendo traçado um retrato da população de então. Mas a própria operação censitária é também um reflexo do seu tempo. Os avanços e recuos das metodologias empregadas, os temas abordados e a estrutura mobilizada refletem o desejo e capacidade da sociedade brasileira de refletir sobre si mesma e as questões e contradições que a afligem.
O Censo do Império, com início em 1 de agosto de 1872, há exatos 150 anos, legou o registro histórico de 1,5 milhão de seres humanos escravizados. O Censo de 2022 será o primeiro a mensurar a população das comunidades quilombolas brasileiras.
Por outro lado, a operação censitária atual se dá em um contexto de drástico corte orçamentário, corte político de quesitos do questionário e precarização do IBGE. Dificuldades visíveis já antes mesmo do início do recenseamento, como a baixa procura e alta desistência dos cargos temporários, a instabilidade dos sistemas de informática e a divulgação muito aquém da necessária, são expressões desses problemas.
É nosso dever alertar a sociedade, como o sindicato tem feito desde 2019, que essa situação traz riscos ao recenseamento – em que pese o empenho do quadro funcional do IBGE em levar a cabo o melhor censo possível.
O Censo atual foi marcado também por reivindicações inatendidas de ampliação do escopo temático – notadamente, mas não só, em relação à quantificação da população em situação de rua e a captação de informações relativas à identidade de gênero e à orientação sexual. São lacunas na produção estatística nacional, que precisarão ser sanadas no futuro, em um contexto de planejamento rigoroso, autonomia técnica do IBGE e diálogo com os movimentos sociais de cada temática.
Neste momento em que tem início a coleta, desejamos um bom trabalho às centenas de milhares de pessoas envolvidas no recenseamento. Ao longo da operação, a ASSIBGE seguirá defendendo condições dignas de trabalho para todos, sejam os contratados temporários, sejam os servidores efetivos do Instituto.
Ao conjunto da sociedade, pedimos respeito e colaboração com o trabalhador censitário que deve bater em sua porta nas próximas semanas. O Censo é um patrimônio de todos e é de interesse do povo brasileiro que os resultados produzidos reflitam a realidade do nosso país.
Por ASSIBGE Sindicato Nacional
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Foto/Crédito: ASSIBGE Sindicato Nacional
Fonte: https://fonasefe.org/em-defesa-do-censo-em-defesa-do-brasil-e-de-todos-os-brasileiros/