terça-feira, 18 novembro, 2025
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Exposição no CNJ mostra obras sobre presença, resistência e direitos da população negra

A arte como caminho para revelar temas que, por muitas vezes, permanecem silenciados. É esse movimento que orienta a exposição “A Terra que Insiste”, aberta pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta segunda-feira (17/11). A mostra reúne um recorte da produção do artista visual Moisés Patrício, marcada pela valorização da memória, da espiritualidade e das expressões de resistência da população negra brasileira.

A exposição integra as atividades do Mês da Consciência Negra, no hall do Plenário do CNJ, com 15 obras que destacam a contribuição histórica da população negra e incentivam a reflexão pública sobre reconhecimento, justiça e equidade. Entre os destaques, estão peças inéditas e fotografias da série “ACEITA?”, já estudada em instituições internacionais como a Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

O presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, destacou a importância da mostra realizada neste mês de novembro, considerando-a uma ocasião para afirmar, também por meio da arte, a equidade racial e o combate à intolerância religiosa. Ele ressaltou que a Justiça não se expressa apenas por meio das sentenças, mas também pela arte. “É a arte que nos desloca do campo da barbárie. A arte é o que abraça todas as pessoas.”

Segundo Fachin, a exposição do artista Moisés Patrício não oferece respostas fáceis, ela provoca reflexão e, por meio do gesto artístico, restitui humanidade. O ministro também enfatizou que todas as formas legítimas de manifestação cultural e espiritual devem ser respeitadas e valorizadas, especialmente aquelas historicamente marginalizadas. “Enfrentar o racismo estrutural ainda exige um longo caminho. Precisamos seguir nessa luta. Precisamos de um poder judicial diverso, plural e comprometido com um mundo fraterno na sua diferença”, concluiu.

A montagem da exposição no CNJ é uma ação do Programa Justiça Plural, iniciativa de cooperação entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). A exposição é aberta ao público e recebe visitantes até 12 de dezembro.  A mostra conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e monitores bilíngues em português e Libras, além de inglês e espanhol.

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Arte e justiça

Exposição “A Terra que Insiste”, de Moisés Patrício. FOTO: Ana Araújo/CNJ

Nascido na periferia da cidade de São Paulo, Moisés Patrício utiliza a arte para levantar reflexões sobre as desigualdades e as violências vivenciadas pela população negra na sociedade brasileira. Suas obras já foram apresentadas em circuitos do Brasil e do exterior e, atualmente, possui duas séries de obras inéditas na 36ª Bienal de São Paulo, em cartaz até janeiro de 2026.

Para Moisés, arte e justiça caminham lado a lado e têm potência transformadora. “A arte tem a capacidade de expandir horizontes, e a justiça organiza e garante que os direitos aconteçam. Com esse encontro, cria-se um diálogo que fortalece a estrutura da democracia”, explica o artista.

Moisés conta ainda de onde parte a inspiração para a sua obra, que reúne um conjunto de pinturas, esculturas e fotografias. “Sou babalorixá em São Paulo e tento trazer um pouco dessa forma de conjugar a humanidade a partir da arte. Apresento esse universo e essa subjetividade que nasce da arte e cultura do terreiro, nessa conexão com a justiça e o direito”, completa.

Programa Justiça Plural

O programa Justiça Plural, iniciativa do CNJ em parceria com o Pnud, busca fortalecer as capacidades do Poder Judiciário na promoção dos direitos humanos e socioambientais e na ampliação do acesso à Justiça por populações estruturalmente vulnerabilizadas.

Serviço:

Mostra A Terra que insiste
Data: 17 de novembro a 12 de dezembro

Horário: das 11h às 19h
Local: Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Setor de Administração Federal Sul (SAF Sul), Quadra 2, Lotes 5/6, Bloco E e F – Brasília (DF).

Texto: Lali Mareco e Jéssica Chiareli
Edição: Sâmia Bechelane
Agência CNJ de Notícias

Fotos/Crédito: Ana Araújo/CNJ

Fonte: CNJ

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