Ato ocorreu na área em Belém onde será a Blue Zone, local das reuniões de alto escalão do evento, e reivindica participação efetiva dos povos da Amazônia
Representantes de povos indígenas, quilombolas, de comunidades ribeirinhas, além de outros povos tradicionais e movimentos sociais da Amazônia organizaram protesto, nesta quarta-feira (23/7), em frente a construções da COP30, em Belém. As manifestações ocorreram no local em que deve ficar a “Blue Zone”, local da conferência em que acontecem as reuniões de alto escalão e da Cúpula dos Líderes.
O protesto marca a publicação da Declaração do mutirão dos povos da amazônia para a COP30: a resposta somos nós, que vai ser entregue à presidência da conferência, presidida pelo embaixador André Corrêa do Lago. A carta exige participação “plena, digna, permanente e com poder real nas decisões” dos povos e comunidades tradicionais e que a convenção não seja um “espetáculo de financeirização da vida, um mercado para interesses transnacionais e falsas soluções”.
Assinam a carta comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, pescadoras, camponesas, religiosas, extrativistas, de quebradeiras de coco, além do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Não aceitamos ser meros figurantes de uma encenação que decide o destino da floresta, de nossos corpos — e de nossas vidas — longe de nós”, declaram.
O movimento ocorre uma semana após a aprovação do Projeto de Lei 2159/21, chamador por ambientalistas como o PL da Devastação. O coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Toya Manchineri, destaca que o enfraquecimento da atuação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) nos processos de licenciamento é uma das principais preocupações. “Isso deixa milhares de comunidades indígenas vulneráveis, sem mecanismos de defesa ou de participação nas decisões que afetam diretamente os seus territórios, os modos de vida e o bem viver indígena”, declara.
Se aprovado o projeto, a Funai passa a ter poder de se manifestar apenas em casos de territórios indígenas já homologados. Segundo a autarquia, 316 das 764 terras indígenas, 40% do total, estão ameaçadas pela medida.
A Declaração do mutirão dos povos da amazônia para a COP30 é a segunda carta articulada pela Coiab para reafirmar o protagonismo dos povos amazônicos na conferência. Em junho, entidades dos países que compõem a Bacia Amazônica — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela — se reuniram em Brasília para a Pré-COP Indígena.
Na ocasião, os grupos elaboraram a Declaração política dos povos indígenas da Bacia amazônica e de todos os biomas do Brasil para a COP30, que reivindica, entre outras demandas, o reconhecimento e proteção das terras indígenas na Amazônia.
Foto/Crédito: Gov.br
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2025/07/7208832-indigenas-e-povos-tradicionais-protestam-em-frente-a-obras-da-cop30.html