sábado, 27 abril, 2024
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Intervenção feminina pelos 21 dias de ativismo contra violência de gênero encerra o segundo dia de debates

Atividade ocorreu após o painel de opressões e movimentou a Plenária; as mulheres fizeram um protesto em forma de performance pelo fim da violência contra a mulher


Temas fortes e polêmicos marcaram o segundo dia de debates da XXIII Plenária Nacional. Após “organização sindical” e a tão esperada discussão sobre carreira, na parte da tarde o protagonismo foi das mulheres. A mesa temática foi composta pela coordenadora Sandra Dias e os coordenadores Jaílson Laje e Paulo José, representando o “Coletivo de Pretas e Pretos da Fenajufe” e a “Coordenação de Opressões”, criados no 11º Congrejufe, ocorrido em 2022.

Aproveitando a campanha pelo fim da violência contra as mulheres que se inicia neste sábado (25), as participantes fizeram uma intervenção temática que marcou o encerramento dos debates desta quinta-feira (24).

Antes do início dos debates, a mesa prestou mais uma homenagem à dirigente decana filiada, e uma das fundadoras do sindicato anfitrião (Sindjufe-PA/AP), Maria Adélia Mercês, de 96 anos. Advogada, “dona Adélia” é servidora aposentada do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região onde é reconhecida como uma  mulher aguerrida e um exemplo de comprometimento com a luta sindical. Bastante aplaudida, a homenageada se emocionou e deixou um recado importante para a categoria: “Enquanto houver cérebro, esse corpo vai trabalhar em prol da categoria”.

Assista:

Em manifestação emocionada, Sandra Dias, falou da dificuldade de trazer esse debate para o seio da categoria. Segundo ela, as pautas são muito importantes e vão “muito além das pautas de apelo remuneratório”.

A dirigente ressaltou que foi preciso se passar 30 anos para que a Federação elegesse a primeira coordenadora-geral negra de pele preta. Sandra reconhece que “pautar essas questões dentro do PJU é fundamental para mudar esse quadro.

É importante registrar aqui que em 1998, a Fenajufe elegeu Madalena Nunes, primeira mulher negra de pele parda, como ela mesma se autodefine, também como coordenadora geral. Madalena, hoje, é dirigente do Sintrajufe/PI.

O painel discutiu as desigualdades e violência de gênero, com recorte nas mulheres negras que por questões históricas são as que mais sofrem com as variadas formas de agressão e violência física e social, o machismo e a realidade das pessoas com deficiência (PCDs) e do grupo de pessoas integrantes da população LGBT+.

De forma sincronizada, empunhando frases impressas em cartolina e ditas em forma de jogral, as participantes se manifestaram contra o feminicídio, a misoginia, violência de gênero, machismo e todas as outras formas de violência contra a mulher.

A intervenção teve início com a apresentação da coordenadora do Sindjuf/PA-AP e conselheira fiscal da Federação, Mônica Genu que encantou a plateia com uma música de exaltação às matas e fauna da região amazônica. A letra (Indauê Tupã) é de autoria da icônica cantora regional, Fafá de Belém, que se autodefine em redes sociais como “Filha de tribos, índia, negra, luz e breu, marajoara e cabocla”.

O protesto performático marcou as atividades do dia e emocionou todas, todos e todes presentes!

Acompanhe!

As falas das(os) palestrantes por sua vez, foram fortes e marcantes. As opressões abordadas e percebidas nos segmentos representados impactaram e chamaram atenção para necessária reflexão sobre essas realidades.

Mara Weber, diretora do Sintrajufe/RS, falou da forma negligente com que os órgãos públicos tratam questões de violência e assédio contra as mulheres. Weber reforçou que a luta feminista não pode parar e que “a revolução que as mulheres estão construindo é histórica”. No entanto reconhece que o meio sindical não livra as mulheres de sofrerem violência como, assédio moral e até sexual. “Precisamos tratar disso, precisamos cuidar primeiro da nossa casa para depois cobrar da sociedade”.

Rosane Fernandes (Solidarity center e luta antirracista) pontuou as questões do racismo estrutural enraizado na sociedade. Segundo ela, a mulher preta é violentada três vezes mais que a mulher branca. Primeiro “por ser mulher, depois por ser negra e por ser mulher trabalhadora”. Rosane assegurou que é preciso aprender a reconhecer o racismo para entender que o Brasil vive o “mito da democracia racial”.

Para Ricardo Soares, dirigente do Sisejufe e deficiente visual, o segmento de Pessoas com Deficiência é o mais invisibilizado dentro das “opressões”.  Segundo ele, os órgãos públicos não estão preparados para receber o público com deficiência que mesmo com direito à vaga no serviço público, não encontram disponibilidade de equipamentos adequados que garantam o desempenho satisfatório de suas funções nas organizações públicas.

Madalena Nunes, coordenadora do Sintrajufe/PI fez uma explanação excelente em defesa dos direitos de a mulher viver sem violência e ressaltou que por muitas vezes o “Poder Judiciário é negligente”. Em tom de indignação, Madalena lembrou que o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking da violência contra a mulher. Ainda  de acordo com ela, o capitalismo é um sistema que explora e oprime a classe trabalhadora e por isso contribui para o aprofundamento das opressões “nada do que existe de opressão é fora do sistema capitalista”

Gab Van, homem trans, Consultor de Diversidade, Equidade e Inclusão falou das dificuldades e da carga de preconceito e discriminação enfrentadas no dia a dia. Gabi afirmou que o “Brasil é o país onde mais se mata pessoas trans ao mesmo tempo que é o maior consumista de pornografia trans” do mundo. Para ele uma das maiores dificuldades enfrentadas é a negação que a sociedade tem com seu corpo. Ele citou constrangimento por exemplo, ao procurar um ginecologista. Ainda segundo ele,” não existe neutralidade em um mundo marcado por opressões”.          

A “Campanha pelos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” vai até o dia 10 dezembro,data em que foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que também tem o objetivo de propor medidas de prevenção e combate à violência, além de ampliar os espaços de debate com a sociedade.

Todo o  corpo diretivo da Fenajufe está presente nas discussões do segundo maior evento deliberativo da categoria. São as coordenadoras Lucena Pacheco, Sandra Dias, Soraia Marca, Luciana Carneiro, Fernanda Lauria, Juscileide Rondon, Márcia Pissurno, Denise Carneiro e Paula Meniconi e os coordenadores Fabiano dos Santos, Paulo José, Charles Bruxel, Thiago Duarte, Fábio Saboia, Jailson Lage,  Leopoldo de Lima, Manoel Gerson, Fabrício Loguercio, Edson Borowski Ribamar França, Ivan Bagini e Paulo Roberto Koinski.

Da base, registramos participação massiiva de representantes dos sindicatos de  Sindjus/AL, Sinjeam/AM, Sitraam/AM, Sindjufe/BA, Sinje/CE, Sintrajufe/CE, Sindissétima/CE, Sinpojufes/ES, Sinjufego/GO, Sintrajufe/MA, Sitraemg/MG, Sindjufe/MS, Sindijufe/MT, Sindjuf-PA/AP, Sindjuf/PB, Sintrajuf/PE, Sintrajufe/PI, Sinjuspar/PR Sinjutra/PR, Sisejufe/RJ, Sintrajurn/RN / Sintrajud/SP e Sindiquinze/SP e Sintrajusc-SC e Sintrajufe-RS. Além desses, integrantes da Comissão Pró-Fenajufe participaram como observadores.

Joana Darc Melo

Fonte: https://www.fenajufe.org.br/noticias/noticias-da-fenajufe/188-xxiii-plenaria-nacional/10220-intervencao-feminina-pelos-21-dias-de-ativismo-contra-violencia-de-genero-encerra-o-segundo-dia-de-debates

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