terça-feira, 16 julho, 2024
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Promotor do ES sugere que mulher vítima de violência doméstica ‘aquiete o facho’ e volte com seu agressor

A fala do promotor Luiz Antônio de Souza Silva foi dita durante uma audiência na Vara da Família de Vitória, em que Alessandra de Souza Silva solicitava pensão alimentícia do ex-marido para os cinco filhos.

Um promotor de Justiça do Espírito Santo sugeriu, durante uma audiência na Vara da Família de Vitória, que uma mulher que solicitava pensão alimentícia do ex-marido, do qual foi vítima de agressões constantes ao longo dos 20 anos, “aquietasse o facho” e permanecesse casada com ele. O caso foi denunciado como violência institucional junto ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A denúncia foi encaminhada pelo programa de extensão e pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo “Fordan: cultura no enfrentamento às violências” (Fordan/Ufes). Em seu relato, a vítima, Alessandra de Souza Silva, disse que está sob medida protetiva devido à gravidade das violências que sofria do ex-companheiro, inclusive com tentativa de feminicídio.

Conforme divulgado pelo portal Século Diário, a partir do documento protocolado pelo Fordan, o promotor, identificado como Luiz Antônio de Souza Silva, “insinuou, de modo jocoso”, que a mulher, por ter cinco filhos com o agressor, deveria voltar a morar com ele.

— Cinco filhos juntos. Vocês deveriam aquietar o facho e ficar o resto da vida juntos. Quem tem cinco filhos juntos deveria aquietar o facho. Tá? É isso aí, tá? — disse o promotor durante a audiência. — É, porque todo mundo é livre. Mas olha a consequência… os filhos depois crescem, gente. Os filhos precisam. Então precisa do ambiente mais…porque assim, a questão única não é só o dinheiro, a questão é o emocional dos filhos, é os pais estarem bem — prosseguiu.

Em relato ao grupo de pesquisa, Alessandra afirmou ter se sentindo humilhada pelo promotor:

— Chegar para fazer audiência, e lá virar chacota para promotor, aí a gente sai de lá como lixo né? Fica humilhada mais ainda, a gente pegar dá uma denúncia, a gente vira chacota, e aí o que acontece, a gente fica calada e volta para casa — desabafou.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo ainda não se pronunciou sobre o caso. O GLOBO também procurou o Ministério Público do estado, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Por O Globo

Foto/Crédito: Lissa de Paula/Assembleia Legislativa do ES

Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/06/05/promotor-do-es-sugere-que-mulher-vitima-de-violencia-domestica-aquiete-o-facho-e-volte-com-seu-agressor.ghtml

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