“A melhor porta de entrada para denúncias de assédio (moral ou sexual) no trabalho é o sindicato. É o sindicato que traz a denúncia. Não é o denunciante”. A opinião é da administradora Mara Weber, palestrante convidada da Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça e, em Belém, organizada conjuntamente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), Tribunal de Justiça do Estado do Pará e Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com apoio do Sindjuf-PA/AP.
Ao discorrer sobre os diversos tipos de assédios, tanto de ordem moral quanto sexual, e as formas de combate, Mara Weber destacou que “não se faz nada sozinho, somente coletivamente a gente vai mudar esse cenário. A gente precisa construir consciência. Colocar em prática (o combate ao assédio) no trabalho e na família”.
Servidora aposentada do TRT da 4ª Região, coordenadora de pesquisa sobre saúde do trabalhador e assédio pela Fenajufe, e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União no Rio Grande do Sul (Sintrajufe/RS), Mara Weber defende que assédio é uma prática perversa, tanto nas organizações privadas quanto nas públicas e atinge públicos os mais diversos, sendo que as vítimas mais comuns são mulheres e grupos minoritários como homossexuais, pretos e pessoas trans. Os trabalhadores adoecidos também estão entre os principais grupos assediados, passam por situações de desdém, já que colocam “em risco” o atingimento de metas nas organizações. “As metas estão adoecendo servidores”.
MODELO DE GESTÃO PERVERSO
O assédio moral e sexual, na opinião de Weber, compõe um modelo de gestão que está por trás da organização do trabalho no dia a dia. “É um projeto perverso que temos que mudar. Não adianta fazermos estruturas e semana de debates se não nos comprometermos em fazer mudanças no modelo de gestão a que estamos submetidos. Na avaliação funcional, estamos na era das cavernas. Estamos nisso há décadas”.
O Sindjuf-PA/AP foi representado na mesa de abertura do debate por Keyllaff Miranda e por Fabrício Acácio. Keyllaff ressaltou que “a questão do assédio é complexa e multifacetada, porque é uma questão cultural. Ela exortou os servidores a lutarem unto com o sindicato no combate ao assédio.“Já na abertura dessa semana eu falei que as nossas vozes estão abafadas e é hora delas começarem a ecoar. Eu acredito na nossa luta, no nosso fortalecimento, mas de forma unida, juntos porque sozinhos a gente não consegue ecoar, fazer barulho, reverberar”.
Respondendo à pergunta de José de Ribamar, coordenador do Sindjuf-PA/AP, sobre se há pesquisas sobre assédio no Poder Judiciário da União, Mara Weber disse que há uma série de pesquisas, e há dados sobre violência, sofrimento mental, inclusive sobre risco de suicídio. Weber ressaltou, porém, que há pouco espaço para expor isso junto ao CNJ e STF.