Data é lembrada como resistência pela raça que considera a abolição da escravatura, a primeira Fake News da história
O dia 13 de maio, marcado no calendário como fim da escravidão no último país escravagista do mundo, não representa em nada a liberdade do povo negro. Ao contrário, a data reacende o sentimento de repulsa ao engodo que foi a abolição em 1888.
A Lei Áurea não contribuiu para a inserção do negro na sociedade. Em momento algum umas das instituições dominantes da época, seja o estado ou a igreja não se moveram para assumir a responsabilidade de prepara-los para uma nova organização de vida e de trabalho. Na verdade, os negros foram entregues à própria sorte após oficialmente serem libertos.
O reflexo de tudo isso é visto e vivido por negras e negros nas desigualdades sociais, raciais e econômicas da sociedade. Após 133 anos de abolição,a raça permanece discriminada e reclusa a um sistema dominante que os tratam como sub-raça ao negar-lhes igualdade de direitos.
Mais de cem anos depois, a sociedade ainda desrespeita a cidadania e a vida do povo negro. Mais de cem anos depois da chamada “abolição da escravatura”, o modelo de segurança pública do país ainda criminaliza e mata negros e negras.
São eles, os negros, os mais atingidos pela violência. O racismo é responsável por 80% das mortes da população negra do país. Esse percentual é 132% maior que o das mortes de pessoas brancas. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea – em pesquisa divulgada em 2020.
São elas, as negras, as mais abusadas, estigmatizadas e estereotipadas pela sociedade. São delas o braço principal de mão de obra de lares da elite branca. São elas, a face alquebrada pela violência urbana diária, pelo suor do labor para alimentar suas crias. Mas são delas também a força para resistir às marcas das mazelas da submissão de outrora.
O que deve ser comemorado nesta data? A resposta talvez nem exista.São muitos anos de luta que a raça negra batalha para ser reconhecidamente livre.O ideal de liberdade nunca foi alcançado.
Nada a comemorar. O que deve ser debatido nesta data, é o combate contra o racismo no país e a discriminação que tira oportunidades iguais para negros e negras no meio social. Dia para lutar contra as mortes de corpos negros, contra o desrespeito e pela dignidade e ancestralidade do povo negro.
13 de maio é pelo grito de cidadania e vida da raça. É resistência e clamor por liberdade de fato.Liberdade que solte as amarras das opressões e limitações de vida plena. Sem diferença de cor.Uma data para refletir e desmistificar o que os livros didáticos ensinaram. Data para não engolir e regurgitar o discurso da elite branca pregado e enaltecido nas escolas.
Conheça a poesia de resistência de Luiz de Jesus, poeta negro que diz que “Orgulho negro, não é supremacia nem sinônimo de raça superior. É ter orgulho desta nobre etnia que traz na alma a alegria, que aboliu todo o rancor”
https://www.fenajufe.org.br/images/Negro.pdf
Joana Darc Melo, da Fenajufe