quinta-feira, 18 abril, 2024
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Artigo | Expressão Popular: “Pediria meio pão e um livro”

Solidariedade passou a ser a palavra-chave da possibilidade de um novo tempo, mais fraterno, humano e rebelde

Solidariedade passou a ser a palavra-chave – como valor e princípio que antecipa a possibilidade de um novo tempo, mais fraterno, humano e rebelde. Solidariedade como fundante de um projeto político, como resistência ativa ou que-fazer orgânico, como crítica teórica às ideias dominantes da sociedade capitalista ultraliberal, baseada em desejos em vez de necessidades.

Aprendemos no dia a dia que as relações sociais próprias da propriedade privada, que constituem relações privadas dentro da sociedade, disputam as possibilidades de florescimento das potencialidades de desenvolvimento da humanidade. Por isso, a alternativa deve ser uma organização produtiva, coletiva, baseada no controle da humanidade e direcionada para atender as necessidades e defesa da própria vida.

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Aprendemos que as necessidades são desenvolvidas de forma socialmente planejada. Que os desejos, subordinados pelo capitalismo, são ilimitados. Mas, também, aprendemos com Marx (Miséria da Filosofia) que “Os mesmos homens que estabeleceram as relações sociais de acordo com a sua produtividade material produzem, também, os princípios, as ideias, as categorias de acordo com as suas relações sociais. Assim, essas ideias, essas categorias são tão pouco eternas quanto as relações que exprimem. Elas são produtos históricos e transitórios.”

E, assim, estabelecemos o lugar a partir do qual colocamos todas as nossas energias editoriais. Ao identificar, claramente, a necessidade da “batalha das ideias”, para muito além da crítica ao modo hegemônico de produção e reprodução da vida, apontamos para um projeto socialista, a partir das publicações projetadas para sustentar os fundamentos teóricos, organizativos, mobilizadores e condensadores das nossas energias. Esta é a razão e sentido de todas as nossas iniciativas realizadas e planejadas.

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A Editora Expressão Popular trabalhou para se preparar para o novo período que se abre – esperamos que seja de muitas lutas sociais, de intensa disputa de ideias e projetos, de inserção social junto à classe trabalhadora. Esse novo desenho compreende cinco grandes ações, sempre construções coletivas, orgânicas e solidárias:

Toda a produção editorial estará voltada para a construção do Projeto Popular para o Brasil, atendendo as necessidades de formação de transformadores(as) sociais e contribuindo para elevar o nível de consciência, de organização e colada nas lutas para alterar a correlação de forças. Avançaremos também na publicação de obras do “Sul Global”, sintetizadas por povos que lutam contra o imperialismo e se desafiam em construir alternativas que resolvam os problemas do povo em cada rincão mundo afora;

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Transformar o “Clube do livro Expressão Popular” em uma grande rede orgânica de estudo militante. É impossível fazer a batalha das ideias sem uma boa formação. O estudo deve ser um hábito exercitado todos os dias e começa pela constituição da “biblioteca em casa”. Diz o provérbio popular: “Quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê”, atribuído a Monteiro Lobato;

Construir a rede de Bibliotecas Populares nas periferias das grandes cidades, com o fortalecimento da ação “Solidariedade: doe livros para transformar o mundo”, dando vida à “Pedagogia” de Paulo Freire, o “Direito Humano” ao acesso ao livro e aos bens culturais de Antonio Candido, a “Leitura de Mundo” de Federico García Lorca;

Construir a campanha “Semeando saberes e sabores” – Expressão Popular, Rede Armazém do Campo, Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Campanha Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis, Periferia Viva e Bionatur – para difundir o conhecimento acumulado sobre a crise ambiental do ponto de vista popular, agregar adesões para o plantio de 100 milhões de árvores, fomentar hortas comunitárias e/ou solidárias a partir de sementes orgânicas e estudar temas candentes sobre a crise ambiente;

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Inaugurar, em novo espaço, a Livraria Expressão Popular, como local de fomento à leitura e ao estudo. Contará com acervo modelo nas áreas das Ciências Humanas (Política, História, Filosofia, Sociologia, Economia Política, Literatura, Clássicos do Marxismo…) e das Ciências Agrárias (Agroecologia, Meio Ambiente e Questão Agrária) compreendendo editoras regionais de todo o Brasil e dos vários continentes, com particular atenção para a América Latina.

Neste período de crise profunda do modo de produção capitalista, também queremos contar com a produção editorial brasileira para que contribua efetivamente para a batalha das ideias. 

Como conclusão e conclamação, fica aqui um excerto do poeta Federico García Lorca, lido na inauguração da Biblioteca Pública de Fuente Vaqueros, Granada, Espanha, em setembro de 1931:

“Não só de pão vive o homem. Eu, se tivesse fome e estivesse abandonado na rua, não pediria um pão, pediria meio pão e um livro. Critico violentamente os que falam apenas de reivindicações econômicas, sem jamais ressaltar as culturais, que os povos pedem aos gritos. Ótimo que todos os homens comam; melhor que todos tenham saber. Que gozem todos os frutos do espírito humano, porque o contrário é serem transformados em máquinas a serviço do Estado, convertidos em escravos de uma terrível organização social. […] o lema da República deveria ser: “Cultura”. Porque só por meio dela é possível solucionar as dificuldades que hoje enfrenta o povo cheio de fé, mas carente de luz.”

Por um 2022 mais justo, solidário, humano.

Equipe da Editora Expressão Popular.  

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Anelize Moreira

Equipe da Editora Expressão Popular
Brasil de Fato | São Paulo (SP)
 
Foto/Crédito: Pedro Guerreiro/Ag.Pará (FOTOS PÚBLICAS)
 

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