Alerta sobre paralisação de todo o serviço público do país foi dado pelo secretário-geral da Condsef, após o ministro Paulo Guedes sinalizar que o governo deu por encerrada qualquer possibilidade de reposição
Os servidores públicos federais podem construir uma greve geral para pressionar o governo de Jair Bolsonaro (PL) a retomar as negociações por reajuste salarial, alerta o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.
A categoria reivindica 19,99% de reajuste para cerca de 1,2 milhão de servidores federais da ativa e inativos, cujos salários estão congelados há 4 anos. O percentual é baseado na reposição das perdas salariais de 2019, 2020 e 2021. A defasagem salarial chega a 33%. Mas, eles estão buscando, sem sucesso, um caminho para negociar com o governo a reposição das perdas com a inflação no período.
O governo havia prometido reajustar os salários em apenas 5%, mas voltou atrás. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo deu por encerrada qualquer possibilidade de reposição salarial dos servidores públicos.
“As greves que estão acontecendo na base do funcionalismo dão a dimensão da indignação da categoria. Nós vamos continuar debatendo e dialogando para que a categoria amplie cada vez mais essa indignação”, disse Sérgio Ronaldo.
Nesta quinta-feira (9), em reunião com empresariado da cadeia de abastecimento, Guedes disse que o governo “não conseguiu dar aumento de salários”. E que “logo ali na frente vai ter aumento pra todo mundo”, como se o atual governo pudesse cumprir uma reposição futura. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo tem de prever qualquer reajuste até o fim deste mês.
Para o dirigente da Condsef, tal cenário deixa claro que a fala do ministro é “mais uma das diversas falácias proferidas desde que o tema entrou em pauta”. “Não é possível a gente ver tudo isso e ficar quieto, ou então achar que isso é normal”, disse.
Criador de confusão
Desde o fim do ano passado, quando prometeu reajustar salários das categorias “de interesse eleitoral”, como as forças de segurança, o governo federal avançou e recuou diversas vezes, confundindo a população e tentando desmobilizar os servidores.
“A gente sabia que essa sistemática dele, de toda semana inventar uma situação, era pra chegar nesse estágio. Se tivesse uma preocupação mínima com o funcionalismo, ele não deixaria assim pro último momento uma situação como essa”, disse Sérgio, referindo-se à possibilidade de uma greve geral dos servidores federais. “Só nos resta continuar lutando para que logo mais na frente a gente consiga virar esse jogo totalmente desumano com o conjunto do funcionalismo”.
Servidores do Judiciário
Nesta sexta-feira (10), a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) protocolou ofício no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo ao ministro e presidente do Supremo, Luiz Fux, urgência no encaminhamento do projeto de lei de recomposição salarial dos servidores Judiciário e do Ministério Público. Documento com o mesmo teor foi encaminhado para a Procuradoria Geral da República (PGR), com endereçado ao procurador-Geral Augusto Aras.
“O STF tem autonomia suficiente para pautar o reajuste dos servidores federais do Judiciário e não precisa ficar subordinado ao governo federal, que já demonstrou descaso com todos os trabalhadores brasileiros. Exigimos que o ministro Luiz Fux tenha uma posição diferente do governo e que encaminhe o projeto para a recomposição salarial dos servidores públicos. Esperamos que o STF não se alinhe à política de congelamento salarial”, disse Lucena Pacheco, coordenadora-geral da Fenajufe.
Escrito por: Redação RBA | Editado por: Marize Muniz
Foto/Crédito: Fenajufe