quinta-feira, 25 abril, 2024
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Mara Weber fala sobre assédio moral e sexual em palestra do TRE-AP em parceria com o Sindjuf-PA/AP

Convidada pelo Sindjuf-PA/AP, Mara Rejane Weber, secretária de saúde e relações de trabalho do Sintrajufe Rio Grande do Sul, será a palestrante do tema “Assédio Moral e Sexual no Serviço Público” promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá. O Sindjuf-PA/AP é parceiro do TRE-AP no evento que acontecerá nessa quinta-feira, 31 de março, às 16h com transmissão ao vivo pelo canal do Regional no YouTube.

Mara conversou com o Sindjuf-PA/AP sobre o problema que está presente no ambiente corporativo e se caracteriza pela exposição constante do trabalhador a situações extremas de humilhações e constrangimentos.

A palestrante falou sobre a dificuldade de identificação de ocorrências de abuso.

► Acompanhe na íntegra a abordagem de Mara sobre a questão:

Um problema silencioso

Mara Weber – Tanto as violências morais, quanto as sexuais podem se dar de forma sutil e muitas vezes são encaradas como “brincadeiras de mal gosto” ou “comentários inadequados”. Eu penso que para realmente combatermos as violências no trabalho devamos ter tolerância zero com qualquer comentário ofensivo, depreciativo ou constrangedor. E ficar alerta também a como nos sentimos com determinada fala. Se fiquei revivendo aquele comentário já é sinal de que me afetou. Se me entristeceu, me constrangeu ou ofendeu. Se possível, fale na hora e diga que não gostou. E pra isso a solidariedade e apoio dos e das colegas de setor é fundamental. As violências só serão realmente combatidas se esse combate for coletivo.

Quem é o assediador?

Mara Weber – Assédio moral e sexual pode ser vertical: chefia sobre um ou mais subordinado(a), horizontal: mesma hierarquia e até inverso: quando a chefia é assediada. Esse modelo de gestão produtivista, individualista e competitivo pode levar a situações de assédio entre colegas para obtenção de uma gratificação, por exemplo ou mesmo visando uma ascensão a posto de chefia. No caso a vítima pode buscar conversar com a chefia direta sobre o ocorrido e em todos os casos de violência o Sindicato é o lugar de acolhimento e de encaminhamento seja de denúncia ou para mediação do conflito de relações de trabalho.

Assédio descontrói a identidade da vítima

Mara Weber – O assédio moral ou sexual abala sem dúvida a saúde mental e física da vítima. Há sintomas já relacionados a essas violências. O assédio é desconstrutor da identidade e da auto estima da vítima e por si só leva a sofrimento mental que frequentemente evolui para crises de choro, de ansiedade, depressão até idealização suicida.  Esse sofrimento também pode se transformar em sintomas físicos como dores abdominais, dor de cabeça, dores musculares, alergias, perda apetite ou ganho de peso. A nossa eterna mestra professora Margarida Barreto tem trabalhos e pesquisas sobre esse tema. Também recomendo produção sobre o tema do professor Roberto Heloani e o pesquisador e psicólogo Bruno Chapadeiro.

Os modelos de gestão precisam combater todo tipo de violência

Mara Weber – Nunca devemos perder a perspectiva de que a raiz das violências está nos modelos de gestão e que as administrações dos órgãos precisam estar engajadas na humanização da gestão, processos de trabalho mais democráticos e participativos.  Também é fundamental a promoção de formação de gestores e dos quadros para a tolerância, combate ao machismo, racismo e homofobia em todos tribunais como política de gestão. O CNJ aderiu a um projeto produtivista neoliberal de gestão e enquanto perdurar essa fonte de violência tudo que fazemos é redução de danos.

Gestão neoliberal e produtivista intensifica situações de violência

Mara Weber – As políticas em curso ou já instaladas no planejamento estratégico do CNJ para o PJU são importantes avanços. Porém, embora muitas pessoas bem intencionadas estejam à frente dessas comissões/comitês, a raiz do problema não está sendo tocada. Enquanto houver um modelo de gestão neoliberal e produtivista organizando nossos processos de trabalho estaremos fazendo política de redução de danos. Esse é o debate central e isso exige uma mudança na organização do Estado, do Poder Judiciário e do CNJ. Enquanto fazemos essa macro disputa entendo que devemos atuar nesses espaços para formação de consciência, de construção de espaços de escuta, acolhimento, sensibilização e não violência, de reflexão do valor do trabalho como construtor da identidade, da necessidade do reconhecimento no trabalho e da importância de uma gestão democrática para a qualidade do trabalho realizado e a saúde no trabalho.

Sindicato é espaço de acolhimento e denúncia

Mara Weber – Nenhum espaço institucional nos tribunais substitui o papel dos sindicatos que precisar ocupar esses espaços nos tribunais e ao mesmo tempo e produzir formação no tema para suas direções e para categoria. Recomendo sempre que as denúncias ou mesmo o acolhimento seja feito via sindicato, pois é o espaço mais seguro para a servidora e servidor que busca ajuda.

Foto/Crédito: ASCOM do TRE-AP

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