sábado, 14 junho, 2025
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PRA ELES TUDO PODE! Mesmo pedindo cortes, Câmara quer acúmulo de salário e aposentadoria

Na contramão do discurso inflamado de corte de gastos, a Câmara protocolou projeto que permite o acúmulo de aposentadoria e salário para parlamentares que estão cumprindo mandato eletivo.

Em meio às discussões sobre corte de gastos e com resistência às medidas de arrecadação propostas pelo Executivo, a Câmara dos Deputados propôs projeto de lei para permitir a acumulação de salários e aposentadoria por parte de parlamentares em atividade. Conforme a Mesa Diretora da Casa, autora do projeto, a medida visa modificar o regime de previdência parlamentar.

Protocolado na terça-feira (10), o projeto contrasta com a posição mais combativa dos parlamentares da Casa que criticaram as alternativas propostas pela Fazenda após o recuo do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), antecipou na quarta-feira (11) que a reação da Casa ao novo decreto seria negativa e cobrou corte de gastos do governo federal.

“Trouxemos o Governo para um debate que não é só aumentar tributos, mas cortar gastos. Não é uma discussão de esquerda ou direita, é uma discussão de país. Já comuniquei à equipe econômica que as medidas anunciadas em alternativa ao IOF irão ter resistência do Congresso. Temos que entender que apresentar soluções aumentando arrecadação sem corte de gastos não funciona”, escreveu nas redes o presidente da Câmara.

O que propõe a matéria

O projeto 2.809/2025 revoga artigo da lei que extinguiu o Instituto de Previdência dos Congressistas e instituiu o Plano de Seguridade Social dos Congressistas. De acordo com o referido trecho da lei, é vedado o recebimento de aposentadoria durante o mandato eletivo. Hugo Motta defendeu que o artigo cria um “tratamento desigual” em relação aos demais segurados dos regimes públicos de previdência.

“Além do inconstitucional, a regra em vigor desestimula a continuidade da participação política dos cidadãos que já cumpriram integralmente os requisitos legais para a aposentadoria e seguem contribuindo para o regime. Ao afastar, sem justificativa legítima, a possibilidade de percepção simultânea dos benefícios legalmente adquiridos, o art. 10 representa um obstáculo à livre atuação parlamentar e ao pleno exercício da cidadania”, escreveu o presidente.

Ele ainda pede que os parlamentares incluídos no Plano de Seguridade Social dos Congressistas também tenham o direito à gratificação natalina, que terá como base o valor dos proventos de dezembro de cada ano. Hugo Motta também detalha que a modificação beneficiará os parlamentares que são aposentados pelas regras do Instituto de Previdência dos Congressistas, extinto em 1997.

Pedido de urgência

Além de propor o projeto, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados também solicitou que os demais parlamentares aprovem a proposta “com a merecida urgência”. Esse pedido pode ensejar a protocolização de um requerimento de urgência, em que o texto poderá ter tramitação acelerada, sem precisar passar pelas comissões e ser analisado diretamente pelo plenário.

“Confiante de que a proposta aperfeiçoa a legislação e garante a igualdade de tratamento, de acordo com o principio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5, caput), que define que todos são iguais perante a Lei, rogamos aos nobres Pares para que a aprovem com a merecida urgência”, diz trecho do projeto.

Apesar disso, o projeto não detalha qual será o impacto orçamentário da medida que permite o acúmulo do salário dos parlamentares, atualmente fixado em R$ 46.366,19 bruto – valor do teto constitucional -, com as aposentadorias.

Foto/Crédito: Leonardo Sá/Agência Senado

Fonte: Congresso em Foco

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