Na noite dessa quinta-feira (14), servidores do setor de Tecnologia da Informação do Judiciário Federal no Pará e Amapá se reuniram em um encontro virtual do Sindjuf-PA/AP para discutir as demandas do segmento.
Fizeram exposições sobre o tema o Técnico Judiciário de TI do TRE-PA, Clayton Ataíde e o Diretor do Sintrajufe/RS, Marcelo Carlini, que também profissional da área.
Clayton lamentou o fato de os tribunais investirem pouco em processo de governança, gestão de projetos e em seus profissionais da área.
“A gente percebe que os investimentos em capacitação reduziram drasticamente. Eu fui muito capacitado na área de TI, mas tenho certeza que as pessoas que entram hoje não têm essa mesma oportunidade.”, lamentou o servidor.
A falta de uma política de atração e retenção de talentos no Judiciário também foi criticada durante a fala do servidor que observa que “as empresas que absorvem os melhores profissionais do mercado, tem um patamar de salário muito elevado”.
Clayton questiona se há de fato uma preocupação em valorizar os profissionais da categoria.
“A justiça eleitoral está sendo tão atacada pela segurança das urnas eletrônicas e quando nós submetemos ao Ministro a nossa reposição salarial, ele diz que não é um momento político favorável. Então será que realmente a justiça está preocupada em manter os seus talentos e atrair novos? Será que de fato está preocupada com a segurança das eleições? Porque os grandes talentos do TSE já saíram, aqueles que criaram a urna eletrônica, que conheciam todo processo e muitos outros só estão porque tem cargo CJ3.”, disse Clayton.
Terceirização é uma ameaça para toda a categoria
Para Marcelo Carlini há uma nova ameaça que passa por todos os segmentos da categoria. Ele considera como sendo uma ofensiva contra os servidores, em mais uma tentativa de ampliar a terceirização nos tribunais. Marcelo estava se referindo a proposta de residência jurídica, um programa lançado no TRT de Minas Gerais com edital para 300 contratações.
“o nome pode enganar, mas na prática é um tipo de terceirização, pagando menos de um terço do salário do analista judiciário. Não há nenhum setor da categoria que esteja a salvo.”, disse Carlini.
Durante sua fala, Marcelo fez críticas à terceirização nos tribunais que segundo ele, pode sair mais caro do que a própria mão de obra efetiva.
Carlini chamou atenção para a perda da soberania dos órgãos, quando alguns tribunais, por exemplo, transferem seus serviços de e-mail para serviços privados. “Isso é um aspecto que de certa forma fere a própria soberania”
Diretrizes para serem defendidas no Encontro Nacional
Marcelo Carlini pontuou algumas diretrizes que para ele devem ser debatidas durante o Encontro Nacional dos Servidores e Servidoras de TI da Fenajufe, que ocorrerá nos dias 30 e 31 de julho, são elas:
Valorização profissional – “não é incomum, colegas que prestam serviços aos finais de semana e a noite, e tem que atender esses chamados sem receber hora extra. Eu penso que o encontro nacional tem que se debruçar sobre essas questões”.
Segurança nas eleições – “O que a gente tem a falar sobre a segurança dos sistemas? Pois praticamente estamos sendo acusados de fraude nas eleições, quem faz a manutenção do sistema são os servidores, eu penso que os sindicatos têm que responder também sobre essa questão, pois realizamos um trabalho sério, honesto e competente.”
Política de terceirização, substituição de mão de obra – Na TI, o que está sendo terceirizado é o trabalho cotidiano dos servidores. Devemos combater a ideia de que a terceirização é a melhor solução.
O Sindjuf-PA/AP será representado no Encontro Nacional dos Servidores e Servidoras de TI da Fenajufe, que ocorrerá nos dias 30 e 31 de julho, pelos servidores Clayton Ataíde (TRE-PA) e Emerson Amaral (TRE-PA). O encontro será no formato híbrido, pelo Zoom e na nova sede da Fenajufe, em Brasília.
