domingo, 28 abril, 2024
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Lira volta à carga pela reforma administrativa; presidente do TCU endossa coro e defende fim do regime jurídico único no serviço público

Dias antes de derrubar o veto da desoneração fiscal e do marco temporal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a dar declarações defendendo a aprovação da reforma administrativa (PEC 32/2020). Não por acaso, a fala de Lira aconteceu em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que teve como tema “Construindo Consenso: caminhos para a reforma administrativa no Brasil”. No mesmo evento, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, fez coro a Lira.

Desde o início do ano, Lira vem participando de diversos eventos empresariais e reiterado a defesa da reforma, além de insistir que empresários façam sua parte pressionando pela aprovação da proposta. Em todas essas palestras, o deputado repete os mesmos “argumentos”, de que é preciso reduzir despesas e de que a reforma não irá afetar os atuais servidores e servidoras – o que não é verdade (veja no quadro ao final desta matéria).

No evento da Febraban, Lira disse que a PEC 32 “é o último pilar das reformas que precisamos fazer”, referindo-se a medidas como as reformas trabalhista e da Previdência, que retiraram direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras após suas aprovações, respectivamente, nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Mesmo com a derrota dessa agenda política nas urnas, Lira insiste em manter em marcha o projeto de destruição dos serviços públicos e dos direitos da população.

Ministros do TCU acabaram de aprovar novo benefício para si mesmos, mas Dantas defende “fazer mais com menos”

Já o presidente do TCU, Bruno Dantas, foi por outro caminho, mas com o mesmo fim. Disse que falar apenas em geração de receitas é “miopia”, mas falou apenas da redução de despesas: “É preciso também que essa pauta importante [reforma administrativa] retorne à ordem do dia, que é falar como podemos fazer mais com menos”, afirmou. A redução de despesas no próprio TCU, porém, não parece estar na ordem do dia: recentemente, os ministros do Tribunal decidiram pagar a si mesmos um novo benefício que pode gerar até dez folgas por mês ou o pagamento de um terço a mais de seus próprios salários. A medida está vinculada à resolução 528, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que define a equiparação entre direitos e deveres da magistratura e do Ministério Público. Como os procuradores recebem esse benefício, a magistratura passou a se autoconceder a mesma indenização, por “atividades administrativas ou processuais extraordinárias”. No caso do TCU, a equiparação está ligada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que aprovou o pagamento em novembro.

Conforme Dantas, a “chave para a reforma” está na criação de novas formas de contratação, o que vem sendo criticado por sindicatos e centrais sindicais como uma das faces mais preocupantes da proposta. O ministro admite que “o regime jurídico único serviu para consolidar um serviço público profissional e estável”, mas defende que também “tratou todos os servidores como se fossem iguais”, o que, para ele, “é um problema”.

Ataque a concursos públicos, estabilidade e precarização

A proposta de reforma administrativa acaba com concursos públicos e substitui servidores que ingressam pela porta da frente por contratos temporários de até 10 anos, facilitando a entrada de apadrinhados nos municípios, estados e na União, piorando a qualidade dos serviços públicos e multiplicando cabides de emprego para cabos eleitorais. Lira quer aprovar a PEC 32 para mudar os regimes de contratações para rebaixar salários e ao mesmo tempo reforçar nacionalmente a privatização e terceirização de serviços básicos como a saúde e a educação através de Organizações Sociais ou diretamente para empresas, como já ocorre em diversos municípios brasileiros.

A reforma administrativa afeta servidores e servidoras das três esferas, dos três poderes, atuais e novos, da ativa e aposentados. Mesmo que, em um primeiro momento, somente os novos não teriam direito à estabilidade, os atuais servidores e servidoras seriam submetidos a avaliações de desempenho que poderiam, por exemplo, ser negativadas por participação em greves ou por perseguições políticas. Importante lembrar que a atual legislação já prevê a demissão de servidores e servidoras estáveis, mas a PEC 32/2020 inclui ferramentas que favorecem a pressão, o assédio e a ameaça nos locais de trabalho. Os atuais aposentados e pensionistas que têm direito a paridade e integralidade também seriam atingidos, pois estariam vinculados a carreiras em extinção.


Congresso da CUT aprovou Marcha a Brasília no primeiro semestre de 2024

No final de outubro, o 14º Congresso da CUT (Concut) aprovou, por unanimidade, a realização de uma Marcha a Brasília, no primeiro semestre de 2024, pela revogação da reforma trabalhista, da terceirização, contra a PEC 32 e para recuperar e ampliar direitos. O indicativo é de que a marcha ocorra em maio. O Congresso comemorou os 40 anos da Central e teve como tema “Luta, direitos e democracia transformam vidas”, contando com participação de 1800 delegados e delegadas de todos os estados, dos setores público e privado, entre eles representantes do Sintrajufe/RS, além de 200 convidados de vários países. Veja abaixo trecho da resolução a respeito da Marcha:

Marcha da classe trabalhadora a Brasília (extrato)

O 14º Concut decide mandatar a direção executiva nacional eleita a organizar junto a todas as entidades filiadas, ramos e CUTs estaduais uma Marcha a Brasília no primeiro semestre de 2024, levantando as reivindicações de revogação da reforma trabalhista, visando à recuperação de todos os direitos que foram por ele afetados; pela revogação da lei da terceirização ilimitada e da reforma previdenciária de Bolsonaro, agregando a esses eixos as reivindicações dos distintos setores dirigida ao governo Lula, em particular a dos servidores públicos que estarão em estado de alerta desde já, contra qualquer tentativa de retomar a PEC 32, da reforma administrativa, no Congresso Nacional.

A CUT proporá às demais centrais sindicais e movimentos populares que se identificarem com essa proposta a organização unitária da Marcha.

Foto/Crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados (FOTOS PÚBLICAS) – Imagem licenciável

Fonte: https://sintrajufe.org.br/lira-volta-a-carga-pela-reforma-administrativa-presidente-do-tcu-endossa-coro-e-defende-fim-do-regime-juridico-unico-no-servico-publico/

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