terça-feira, 19 março, 2024
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Zé Dirceu: ‘Caminho do golpe que o Brasil tomou colhe os frutos do desastre’

Ex-ministro acredita que força progressista tem bloco consistente para vencer Bolsonaro em 2022

São Paulo – As eleições presidenciais de 2022 estão se aproximando e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue liderando todas as pesquisas. Na avaliação do ex-ministro e um dos fundadores do PT, José Dirceu, a consolidação de Lula prova que a dita terceira via não possui uma liderança política e reconhecida como o possível candidato petista. Zé Dirceu traça um paralelo entre as eleições de 1989 e 2018, explicando que enquanto o próprio Lula e as candidaturas de Mario Covas e Leonel Brizola obtiveram 45% dos votos, em 1989, Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos também se aproximaram desse percentual na última disputa nacional. Diante desse cenário, ele diz acreditar que há um novo bloco político e social consistente. Desse modo, torna-se mais forte a possibilidade da eleição do ex-presidente Lula.

“O problema dessa direita atual é a falta de uma liderança. Moro, Doria, Mandetta não são lideranças como Lula, que é reconhecido internacionalmente e possui alianças sólidas”, afirmou Zé Dirceu, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, das Rádio Brasil Atual, nesta sexta-feira (3).

O ex-ministro acrescenta ainda que, apesar da vantagem de Bolsonaro para o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, há chances de o atual mandáirio ficar de fora do segundo turno. “Esse caminho que o Brasil tomou, após o golpe contra Dilma e Lula, está colhendo os frutos do desastre. Ao mesmo tempo, Bolsonaro é um governo que tem a máquina, tem o orçamento secreto. Mas eu acredito que Bolsonaro não vencerá as eleições e candidatura do Moro pode ser abraçada”, disse.

Alianças e novas vozes para 2022

Uma das possibilidades de 2022 é a chapa entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que pode sair do PSDB e filiar-se ao PSB. O integrante do PT afirma a união entre os dois políticos ainda está em análise e só será definida no ano que vem.

“Estamos abertos a conversar com todos aqueles que se opõem ao governo Bolsonaro e que estão dispostos a se aliar conosco. O PSB, assim como outros partidos, estiveram conosco em vários momentos, inclusive nas últimas manifestações. Já iniciamos um processo de discussão sobre a chapa, mas ainda é cedo para decidirmos”, explicou.

Apesar de o partido ainda não definir sua chapa, Zé Dirceu acredita que uma das principais estratégias para as próximas eleições é ampliar a bancada progressista no Congresso Nacional. Segundo ele, esse processo passa por um reconhecimento de mudança no perfil do Brasil.

“A juventude está sem espaço no Brasil de hoje, e que ao mesmo tempo emergiu na política. O PT precisa reconhecer isso e acrescentá-la em suas chapas. Isso poderá dar uma base parlamentar sólida para que o próximo presidente possa governar e apresentar suas reformas. É uma questão de urgência”, afirmou.

Na noite de ontem (2), o ex-presidente Lula foi convidado do podcast Podpah, um dos maiores do Brasil, com mais de 4 milhões de inscritos no YouTube. Cerca de 3,4 milhões de brasileiros assistiram ao programa, sendo que 300 mil simultaneamente, ao vivo, no Youtube. Na avaliação do ex-ministro, as redes sociais e veículos digitais são fundamentais e prioritários para o debate eleitoral em 2022.

“É uma forma de se conectar com os bairros, que representam o Brasil de hoje, que é uma tragédia humanitária, com queda na renda e direitos”, disse Dirceu, que acrescenta a estratégia como forma de driblar os ataques da imprensa tradicional. “Durante sete anos, nós fomos retirados das ruas após ataques da mídia. As manifestações contra Bolsonaro foram importantes de tomarmos as ruas. Entre 2013 e 2018, sofremos uma repressão gigante, com o partido gastando energia em defender o mandato de Dilma e, depois, defendendo a liberdade de Lula.”

Ainda durante a entrevista, Zé Dirceu criticou a operação Lava Jato e os fins políticos da investigação liderada pelo ex-juiz Sergio Moro. Na avaliação dele, o aparelhamento da Justiça em prol do “combate à corrução” é um processo que dura há anos.

“O golpe de 1964 tinha como pretexto acabar com a corrupção. E isso bateu no nosso governo também. O Mensalão é um escândalo, feito para atacar a nossa bancada, e o STF foi tomado por uma pressão da mídia e da opinião pública. A Vaza Jato mostrou que essa investigação foi um instrumento político que levou à eleição do Bolsonaro. A Lava Jato foi um instrumento inconstitucional, provado e desvendado. A candidatura do Moro é o carimbo final disso“, afirma Dirceu..

 
Foto/Crédito: Lula Marques (FOTOS PÚBLICAS)
 

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